quinta-feira, 21 de março de 2024

CAMINHOS


Todo mundo tem que enfrentar vicissitudes na vida, mas a mente não deve ficar agitada;  ela deve permanecer estável e equilibrada. Então não haverá lágrima, nem infelicidade, nem impureza mental, nem qualquer sentimento de insegurança em sua mente. Quem assim age, sempre se sentirá seguro porque está no caminho do Dhamma; nada pode dar errado. Esta é a maior conquista que se pode alcançar: equanimidade frente a todas as vicissitudes da vida." - S. N. Goenkaji.


Gostaria de comentar sobre estes 8 Caminhos, desde também uma perspectiva pessoal e multiétnica.

Ao longo de minha jornada que já remonta mais de 30 anos, sobretudo convivendo com diferentes etnias, filosofias, culturas, tradições, venho refletindo bastante acerca do como nos movemos enquanto "Humanidade" e claro, faço cá minha auto avaliação.

Nas tradições originárias, indígenas sobretudo, se observa todo um contexto de caminhar.

Caminhar conforme as palavras, é um destes. Nós, geralmente, estamos em uma luta frenética, entre o que se quer e o que se deve, entre o que se pensa e o que se sente, não é?

Pensamos uma coisa, falamos de um jeito diferente e manifestamos também de maneira "destoante" . Não vou me ater a "termos" de cada Cultura, porque aqui já temos muita informação e às vezes "menos é mais".

Quando estava na aldeia, tanto no Brasil como Américas, por onde minha peregrinação se estendeu, eu observava muito a conduta dos mais velhos, das mulheres, homens, crianças e via que ali se estabelecia uma "outra conexão".

Começando sobre os ciclos da natureza, sobre como a "educação" era aplicada nas escolas indígenas e no dia dia na arte e expressão de cada etnia com que estive e estive com muitas.

Lá por 1992, comecei a frequentar, por convite e por um Chamado do Espírito, o templo Budista Tibetano "Caminho do Meio", fundado por Lama Padma Samten, em Viamão.

Neste periodo, também estava intensamente envolvida com o universo Indígena,como já mencionei acima e Lama Samten, realizava todo final de ano, uma roda de debates interreligiosos,onde pessoas de diferentes grupos religiosos, filosóficos, se reuniam para abordar um determinado "tema", como por exemplo: Saúde,entre outros.

Nesta época, já conhecendo Lama Samten, tive a honra em ser convidada para estes debates e ficava fascinada em como tantas pessoas, ali se reuniam em uma troca de saberes e reflexões profundas acerca da CULTURA DE PAZ.

De 1992 à 2013 eu estive nestes debates, frequentemente,Aprendi muito! Refleti muito!

Ainda reflito e cruzo saberes o tempo todo, pois para mim, este é um grande processo para plantarmos uma Cultura de Paz, dentro e fora.

Aprecio demais a maneira com que as práticas Budistas compreendem a mente e também das interfaces geradas aí, com as bases de leitura indígena.

Para as Culturas originárias, estamos todos caminhando entre mundos e nos cruzamos aí, como por exemplo, cronologicamente, ocupamos à cada intervalo de 4 anos, uma determinada direção na roda da vida.

Nestas "direções", que se desdobram também em outros arquétipos, como animais de cada clã, bem como arquétipos de força, de desafios...

Aqui, cabe bem uma outra colocação:



E então, a Roda acima, observada pela leitura budista, nos trás muitas reflexões e visões que se afinam em mais de uma Cultura e até em crenças, religiões distintas.
Agora, gostaria de "encerrar" esta breve abordagem, com o Olha sistêmico, das Constelações Familiares sistêmicas, por Bert Hellinger.
Nós carregamos tudo isto em nós.
Somos multiétnicos, somos multifacetados, se pensarmos em nossa memória Ancestral, em como todos nós carregamos em nosso DNA, uma mescla de diferentes origens, épocas, etc...

Existem estudos profundos da epigenética que atestam o que aqui estamos falando.

Muitos de nós, nem sabemos que carregamos todas estas "forças"!

Creio que há um longo caminho ainda a se percorrer e o exemplo acima, nos remete à esta realidade.

Podemos sobrepor muitas outras leituras aí,mas vamos por hora, ficar com estas e verificar a equanimidade nesta RODA, que nos trás aqui, com diferentes origens,modos de ser, mas todos sendo pertencentes ao mesmo grupo: HUMANIDADE.

Não existes "raças", existimos NÓS!

Aonde excluimos alguém, por ser "de uma Cor de pele" diferente, ou por praticar uma "crença" diferente da nossa, estaremos enfraquecendo nossas raízes.

Me refiro a algo além ...Me refiro ao seguinte:

De que adianta irmos todo domingo à missa, ou praticarmos uma vida monástica, se não integramos quem somos, de onde viemos? 

Muitas vezes, se fica em uma leitura superficial do AMOR DO ESPÍRITO.

Este Amor que Bert Hellinger tão bem nos enfatizou. Se apenas "suporto" meus Pais, ou os "aceito", mas não concordo, não integro, não incluo, seguirei enredado em algo que parece ser uma VIDA ESPIRITUALIZADA, 

O AMOR do Espírito, inclui, e aí transcendemos e ajustamos o Caminho acima descrito sob a visão Budista,mas poderia ser a Visão Indígena que tanto declara : Pertencemos a Terra!

Somos Filhos e filhas desta Grande Força de Vida.Principio primeiro da Manifestação de DEUS em sua forma feminina;


O assunto vai longe...

Gratidão à Todos que vieram antes e a todas as minhas relações