domingo, 5 de maio de 2013

  Porto Alegre, 5  de  Maio/2013...



Quero aqui  agradecer á  Isabela Camine, Senira Beledelli que me  entregaram esta preciosa  Obra, com preciosas  Cartas que dispensam aqui comentários. devem ser LIDAS!
Abro  com uma  delas, para  reforçar  o fio condutor deste  espaço..

Cartas de Rosa Luxemburgo e Antônio Gramsci

Um pouco mais próximo ao nosso tempo, em meados do século XIX e XX,
encontramos Rosa Luxemburgo e Antônio Gramsci. Dois importantes pensadores e
políticos, cujos ideais de vida marcaram o seu tempo, especialmente pela luta em favor
da vida e liberdade de seu povo, pela contestação às injustiças sociais e pela forma

como se opuseram a elas. Ambos se destacaram pela capacidade de derrubar muros e
construir pontes. Em momento algum traíram seu projeto, sendo fiéis até o fim, mesmo
que isso tenha lhes custado à morte.
Rosa Luxemburgo (1871-1919) era judia, polonesa, jornalista, teórica marxista e
líder revolucionária. Muito cedo aprendeu falar fluentemente o alemão, o polonês e o
russo e, mais tarde, o francês. Uma mulher corajosa, escritora e excelente oradora.
Viveu e estudou na Alemanha, onde ingressou no Partido Social Democrata. Mulher
forte, cuja ideologia a fez perseverante até o último dia de sua vida, roubada a tiros
pelos Freikorps20. Suas “Cartas da Prisão” (1983), escritas e revistas com tempo e
dedicação, expressam e asseguram que princípios e valores humanos não devem ser
negociados por valor econômico algum, em nenhuma hipótese. Em 18 de novembro de
1918, com apenas 47 anos, poucos dias antes de sua execução, Rosa ainda encontrou
força para escrever uma carta a um casal de amigos, Marie e Adolf Geck, que tinha
acabado de perder o filho em um conflito. Em tom profético, Rosa escreve aos amigos,

Meus queridos, não se deixem vencer pela dor, não deixem o sol, que
sempre ilumina sua casa, desaparecer diante desse acontecimento
desesperador. Todos nós estamos sob o domínio do destino cego, meu
único consolo é o amargo pensamento de que também eu talvez seja em
breve mandada para o além – talvez por uma bala da contrarrevolução que
espreita de todos os lados. Mas, enquanto viver, continuo ligada a vocês
pelo mais caloroso, fiel e profundo amor, e quero compartilhar com vocês
todos os sofrimentos, todas as dores.

Antônio Gramsci (1891-1937) era italiano, filósofo, político, cientista político,
comunista e antifascista. Seus muitos anos de prisão em diferentes cárceres, entre
1926 e 1937, lhes possibilitaram escrever 478 Cartas, que compõem um
interessante “romance de formação”. De cunho social e político, estas
extraordinárias Cartas guardam memórias inéditas de um homem profundamente
inconformado com as questões sociais de seu tempo, inclusive a educação. Suas
cartas também denunciavam as condições desumanas do cárcere. Foi a forma de
ocupar seu tempo: lendo, escrevendo, projetando um outro mundo possível. São
cartas que falam do sonho de se ver livre e de como deveria ser a instituição escola
de seus filhos e das crianças italianas, dentro do projeto social que o fazia lutar,
mesmo vivendo em condições desumanas, privado de liberdade física.

10 de maio de 1928
Caríssima mamãe,
Não quero repetir o que já te escrevi tantas vezes para sossegar-te quanto
às minhas condições físicas e morais. Eu queria, para ficar tranquilo de fato,
que tu não te amedrontasses nem te perturbasses demais, seja qual for a
pena que me derem. Que tu compreendesses bem, e também com o
sentimento, que eu sou um preso político e serei um condenado político,
que não tenho e não terei nunca de envergonhar-me desta situação. Que,
no fundo, a detenção e a condenação eu mesmo as quis, de certo modo,
porque não quis jamais mudar as minhas opiniões, pelas quais estaria
disposto a dar vida e não só ficar na cadeia (Carta de Gramsci a sua mãe)

Aqui, nos cabe uma reflexão: ninguém pode prender um sonho e nem impedir
alguém de sonhar; ninguém pode matar a esperança de um povo sofrido a lutar...


Deixarei aqui este  convite, para  que  compartilhemos  junto ao fogo, sempre, nossas  falas, cartas, do Ontem, do Hoje...por UM NOVO AMANHÃ...


Ensaios  de uma  Simples  caminhante...